domingo, 6 de maio de 2018

os quadrinhos, como ocorreu com outras manifestações artísticas e literárias (romances policiais, fi cção científi ca, literatura fantástica etc.), serem vistos na particularidade de sua estrutura gráfi co-narrativa e analisados sob uma ótica pró- pria, mais positiva. Esse olhar sobre os quadrinhos, é certo, se tornou mais simpático. E, por sua vez, as HQs também evoluíram. Mesmo se considerarmos apenas o produto ou formato que mais dissemina a linguagem dos quadrinhos, ou seja, as revistas periódicas ou gibis, constataremos o avanço gráfi co e temático, apresentando tramas mais bem elaboradas e uma maior exploração dos aspectos artísticos, além de seu refi namento. O próprio desenvolvimento e sofi sticação do meio, bem como sua participação no ambiente de convergência das mídias, exigiu a presença de artistas mais talentosos, capazes de responder à altura das demandas complexas da indústria como das exigências de um consumidor mais integrado às mídias e atualizado sobre as produções, os autores, os personagens e o desenvolvimento temático dos quadrinhos. A percepção daqueles que não tinham familiaridade com as HQs só veio confi rmar aquilo que, para os amantes do meio, fazia parte de sua realidade de leitores e produtores, que enxergavam os produtos da chamada Nona Arte como instrumentos para a transmissão de conhecimento, instrução e preceitos educativos. Revistas em quadrinhos de caráter educacional, como True Comics, Real Life Comics e Real Fact Comics já existiam desde a década de 1940 nos Estados Unidos, trazendo antologias sobre personagens, histórias, fi guras literárias e eventos históricos. Em outros países, essas revistas em quadrinhos também foram comuns, como na Itália (onde a Igreja Católica utilizou a linguagem dos quadrinhos para divulgação da vida de santos), e aqui no Brasil, onde o editor Adolfo Aizen publicava revistas que contavam a história do Brasil e a vida das fi guras históricas brasileiras. A aproximação dos quadrinhos com artes, até então, mais conceituadas, como a literatura, por exemplo, foi feita nas revistas da série Classics Illustrated, hoje considerada cult, dedicada à adaptação de obras literárias importantes para a linguagem quadrinística. A linguagem dos quadrinhos foi também utilizada politicamente, como aconteceu na China de Mao Tsé-Tung, em que campanhas educativas foram desenvolvidas com a linguagem gráfi ca sequencial, visando reproduzir a ideologia dominante, e, no México, onde agências governamentais a utilizaram em campanhas de educação popular. Além disso, a linguagem dos quadrinhos serviu e continua a ser utilizada para apoio técnico no treinamento ou instrução de pessoal em funções especializadas, como soldados ou operários fabris. Em nível mais avançado, as últimas décadas evidenciaram a adequação dos quadrinhos para a transmissão de mensagens que enfocavam áreas como a fi losofi a, a psicologia e a economia. Com tudo isso, não admira que as histórias em quadrinhos também passassem a ser utilizadas em livros didáticos. No Brasil, isso ocorreu a partir da década de 1960, quando algumas editoras desse tipo de obras contrataram autores para desenvolver, em quadrinhos, parte do conteúdo de seus livros. Daí, para os quadrinhos invadirem as provas de vestibular e serem considerados pelas autoridades governamentais como benéfi cos instrumentos para a transmissão de conhecimenao processo de ensino, foi apenas um passo.

2 comentários:

  1. DESENHOS SÃO FEITOS DE TRAÇOS
    Tendo em vista que todo mundo desenha quando criança, temos a comprovação que cada pessoa sabe desenhar intuitivamente, à sua maneira.

    No início do processo de aprender a escrever temos que “domesticar” o traço para conseguir desenhar o formato das letras. E assim, como cada pessoa possui um tipo de letra, uma caligrafia pessoal, naturalmente, possui um estilo próprio de desenho, já que tudo é construído com traços.


    Uma criança tem capacidade de desenhar as letras da palavra “casa” da mesma maneira como pode desenhar um quadrado com um triângulo em cima e um retângulo dentro do quadrado, compondo assim o desenho de uma casa. Uma criança, inclusive, já faz isso espontaneamente antes de aprender a escrever.

    Existem muitos caminhos para o(a) professor(a) estimular o aluno a analisar um desenho e/ou desenvolver a sua própria maneira de desenhar. E a história em quadrinhos, por facilmente fazer parte da cultura das crianças e adolescentes, pode ser uma ótima ferramenta nesse sentido.

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  2. DESENHO

    Teóricas

    a) Estimule os alunos a pesquisarem maneiras diferentes dos artistas desenharem pessoas, animais, veículos, casas, árvores, entre outros elementos em suas HQs;

    b) Estimule os alunos a pesquisarem artistas com estilos de desenhos singulares. Observe se ele mudou a sua maneira de desenhar ao longo de sua carreira (o seu desenho feito em épocas diferentes). Liste com os alunos os detalhes mais marcantes que tornam singular o estilo de desenhos desses desenhistas;

    c) Estimule os alunos a analisarem o processo técnico dos artistas. Analise a técnica (o material de desenho) que o artista utiliza;

    Práticas:

    a) Estimule os alunos a praticarem o seu desenho de uma maneira mais livre, sem copiar desenhos de TV ou de cartuns, por exemplo;

    b) Lembre-os que nenhum estilo é melhor ou pior. E que, sim, há maneiras diferentes de desenhar. Estimule-os a brincar com o seu traço em busca de soluções visuais próprias;

    c) Desenvolva aulas em que os alunos desenhem com materiais diferentes (lápis, canetas, pincéis, recortes, colagens, raspagem etc) e depois pesquise qual a técnica que cada um se sente mais à vontade para criar;

    d) Crie momentos (mostras e exposições em sala e/ou na escola, por exemplo) em que os alunos possam observar a maneira como cada um de seus colegas desenha e que possam analisar o estilo pessoal de todos: as diferenças no traço, nas cores utilizadas, na forma dos olhos, das mãos, no tipo de roupas, do cenário que os abriga etc. Será um momento supercurioso.

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